Diante das telas, os belos vestidos de “Ti ti ti” são criações de dois estilistas bem diferentes: Jacques Leclair (Alexandre Borges) e Victor Valentim (Murilo Benício). Mas, na realidade, os dois são uma só pessoa: a figurinista Marília Carneiro, que anda atarantada com uma dúvida nos últimos dias...
— Como vou fazer para diferenciar os dois estilistas para o telespectador? Estou num momento crucial — comenta ela, para então decretar: — Vou botar Jacques com brilho e estilo atual e deixar um retrô classicão no Valentim.
A decisão não é à toa. Marília — que carrega na sua bagagem sucessos como as meias de lurex de “Dancin days” e os olhos bem marcados de “O clone” — recebeu recentemente uma informação valiosa do diretor Jorge Fernando. A verdadeira criadora da marca Victor Valentim, a senhorinha Cecília (Regina Braga), teve um passado de glória antes de viver na rua e fazer vestidos para suas bonecas.
— A grande lembrança da Cecília são os anos 50. Dizem que ela estava no apogeu e vivia no Copacabana Palace. Os vestidos que ela faz para as bonecas retratam bem isso, o que vai se refletir nos modelos de Valentim — explica a figurinista, ao lado de um grande livro da marca francesa Dior que inspirou o vestido vermelho de Desirée (Mayana Neiva) na festa da revista “Moda Brasil”.
Nesta semana, a equipe de figurinistas anda preocupada com duas novas criações de Victor Valentim, um modelo branco pedido por Help (Betty Gofman) e o vestido de noiva de Camila (Maria Helena Chira). O trabalho ainda é em dobro. Ao mesmo tempo em que os costureiros criam a peça real, o modelo é miniaturizado para as bonecas de Cecília.
— Tivemos que refazer a saia do vestido de noiva da boneca. Ficou tudo enorme. Mas agora ficou uma coisa! — comemora a assistente de figurino Lucia Daddario.
À exceção das criações dos estilistas, o figurino do elenco é garimpado em lojas. Sob o escritório de Marília ficam os provadores, onde são travadas batalhas diárias com atrizes insatisfeitas com a silhueta ou com algum detalhe da roupa.
— Às vezes temos que ter bastante lábia. A produção vem montada para a cena e, quando elas não gostam, temos que argumentar — conta a assistente Cláudia Damasceno, que, em segundos, troca a roupa de Guilhermina Guinle, a Luisa.
Depois de usadas, as produções dos 86 personagens da trama são guardadas no acervo e cobiçadas pelas telespectadoras que se manifestam pela Central de Atendimento ao Telespectador (CAT). No momento, as roupas de Jaqueline (Claudia Raia) são a coqueluche, mas Marília Carneiro deixa escapar o desejo de mais um sucesso:
— Os anos 50 podem voltar e serão bem-vindos.