Julinho e Osmar fazem sucesso
O casal gay de Ti-ti-ti (Globo) formado por Julinho (André Arteche) e Osmar (Gustavo Leão) já está na boca do povo. Maria Adelaide Amaral inovou ao mostrar dois jovens que vivem seu amor bem longe do preconceito.
Mas a felicidade dos rapazes vai durar pouco: três capítulos para ser mais preciso. Osmar morreu no capítulo de ontem (22) num acidente de carro na estrada que liga Belo Horizonte e São Paulo. A mocinha Marcela (Ísis Valverde), que estará no mesmo carro, sobreviverá e fingirá para a família do rapaz que o filho que espera é dele.
Claudino Mayer, pesquisador em telenovelas na USP (Universidade de São Paulo), afirma que Maria Adelaide Amaral avançou ao abordar o casal gay sem apresentar justificativas ou explicações para o telespectador.
- A Maria Adelaide partiu do princípio que um casal gay já é uma coisa comum, que faz parte do cotidiano das pessoas. Até então, os casais gays das novelas eram descobertos aos poucos, como forma de preparar o público. Ela foi ousada ao mostrar a intimidade do casal sem afetação. Ela construiu uma nova maneira de retratar um casal homossexual.
Mayer afirma que Maria Adelaide poderia ter ido mais além e ter segurado a morte de Osmar.
- Pelas minhas conversas com telespectadores, não houve rejeição ao casal gay. O Osmar vai morrer muito cedo. Esse acidente poderia ocorrer bem depois.
Mesmo assim, o pesquisador reconhece no acidente uma artimanha da autora para trazer, por meio da piedade, o carinho de seu telespectador para o casal.
Intérprete de Osmar, o ator Gustavo Leão parece feliz com seu personagem. Em seu Twitter, ele vem recebendo demonstrações de carinho por parte de telespectadores.
- Todo personagem é difícil, mas esse é especial, porque lida com uma barreira imposta pela sociedade. Tem um gostinho especial. [Depois da morte de Osmar] só apareço em alguns capítulos, como em sonhos e flash backs.
Telespectador e estudioso das telenovelas, o jornalista santista Jonathan Pereira afirma que esperava que o casal gay durasse mais tempo no ar.
- De todas as novelas até agora esse foi o casal gay mais ousado na demonstração de afeto e de troca de carinho. Não esperava que fosse acontecer de saírem tão rápido. Achei os atores entregues aos papéis, deixando o casal convincente. Acho que manter o Osmar vivo era uma chance de diminuir o preconceito.
Coordenador técnico do grupo ativista de defesa dos homossexuais Arco-Íris, do Rio de Janeiro, Júlio Moreira considera que ainda falta muito para a representação de homossexuais nas telenovelas ser feita de forma próxima à realidade.
- Reconheço que é um avanço ter personagens gays nas tramas, porque tempos atrás isso não era sequer retratado. Mas acho que ainda falta o beijo, fator crucial para mostrarmos ao mundo que o homossexual também tem afeto.
Vejam umas cenas do casal, não são gays afeminados como se costuma pensar.